Paraíba

Prefeitura restringe acesso a recintos de animais após morte de jovem na Bica



PARAIBA.COM.BR

Um jovem identificado como Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu após invadir o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, no domingo, 30 de novembro.  Ele não resisistiu aos ferimentos após o ataque extintinvo do animal. Gerson tinha transtornos mentais e mês de outubro a Justiça da Paraíba havia decretado sua internação, por entender que ele não era capaz de responder pelo próprios atos.

A seguir, veja o que já se sabe sobre o caso:

Como o jovem conseguiu entrar no recinto?

Vídeos registraram o momento em que o jovem escalou uma estrutura lateral do recinto. Segundo a Prefeitura de João Pessoa:

  • ele subiu uma parede de mais de 6 metros;

  • passou pelas grades de proteção;

  • e usou uma árvore dentro do recinto como apoio para entrar na área onde estava o animal.

Poucos segundos depois de acessar o espaço, ele foi atacado pela leoa.

O que aconteceu no momento do ataque?

A leoa estava deitada próxima ao vidro de observação quando percebeu a presença do invasor. Após contornar o lago interno, avançou rapidamente em direção ao jovem. No momento em que ele descia pela árvore, ficou ao alcance do animal, que o puxou para o chão.

O jovem ainda tenta correr, mas cai. Em seguida, a leoa aparece com o focinho já sujo de sangue.

De acordo com o Instituto de Polícia Científica (IPC), a causa da morte foi choque hemorrágico, provocado por ferimentos perfurantes e contundentes no pescoço.

Quem era o jovem que entrou no recinto?

O homem foi identificado como Gerson de Melo Machado, de 19 anos. Conforme informações das autoridades ele tinha transtornos mentais.

A família ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Imagem: Reprodução

Causa da morte

O Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que o jovem de 19 anos, atacado após invadir o recinto de uma leoa na Bica, em João Pessoa, morreu por choque hemorrágico provocado pelo perfuramento de vasos cervicais. O ataque ocorreu no último domingo, 30 de novembro.

Segundo o laudo, o rapaz foi mordido no pescoço. A hemorragia causada pela lesão foi fatal. O documento também afirma que a leoa não chegou a se alimentar do corpo.

Além da necropsia, o IML solicitou um exame toxicológico complementar e um procedimento de identificação técnica para formalizar a identidade do jovem. Os resultados toxicológicos devem ser divulgados nos próximos dias.

O IML de João Pessoa divulgou nota confirmando:

  • O corpo deu entrada no dia 30/11/2025.

  • A causa da morte foi choque hemorrágico provocado por ação perfurocontundente nos vasos cervicais.

  • Foi solicitado exame toxicológico complementar.

  • O corpo ainda não foi identificado formalmente e segue sob custódia para procedimentos técnicos.

  • Após a conclusão dos exames, o cadáver será liberado para a família realizar os trâmites funerários.

Gerson enfrentava transtornos mentais e vivia em situação de abandono familiar, segundo relatos divulgados após o ocorrido. Ele foi sepultado nesta segunda-feira, 1º de dezembro, em João Pessoa.

Investigação

Polícia Civil da Paraíba informou que não encontrou falhas de segurança no recinto da leoa do Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, onde o jovem Gerson de Melo Machado, 19 anos, morreu após entrar na área do animal no último domingo, 30 de novembro.

Segundo a delegada Josenise Andrade, responsável pelas primeiras diligências, o espaço segue critérios técnicos. Ela classificou o episódio como um “fato atípico” e afirmou que, até o momento, não há indícios de irregularidades na estrutura que abriga o animal.

A delegada solicitou perícia no recintoexame cadavérico e requereu as imagens das câmeras de segurança do local. Ela atuou no caso por estar de plantão no dia da ocorrência.

Como o episódio não configura homicídio, o inquérito será encaminhado à Superintendência da Polícia Civil, que decidirá qual delegacia dará continuidade. A tendência é que o caso seja remetido a uma delegacia distrital, possivelmente a 2ª Delegacia Distrital de João Pessoa, no Centro.

Nota da conselheira tutelar

A história de Gerson também foi comentada por uma conselheira tutelar, Verônia Oliveira, que o acompanhou por oito anos. Segundo ela, o jovem tinha histórico de transtornos mentais e, desde a infância, apresentava comportamentos de risco que exigiram atenção constante da rede de proteção. Gerson foi acolhido aos 10 anos, após ser encontrado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma rodovia, e desde então passou a receber acompanhamento sistemático.

Na nota, a conselheira relata episódios que evidenciavam o comportamento impulsivo do jovem, como uma tentativa anterior de acessar a área restrita de um avião no aeroporto, impedida pela equipe de segurança. Ela também destacou que o adolescente havia sido destituído do convívio familiar por falta de condições da mãe e que não chegou a ser adotado, ao contrário dos irmãos, devido às dificuldades relacionadas ao seu quadro psicológico.

A conselheira afirmou ainda que a trajetória de Gerson era marcada pela ausência de vínculos familiares estáveis e pela necessidade de intervenções frequentes. Para ela, a reação negativa nas redes sociais após a morte do jovem ignora o contexto social e emocional que acompanhou sua vida. A íntegra da nota foi utilizada para reforçar que, apesar dos episódios envolvendo riscos, ele era acompanhado e recebia suporte da rede de proteção até atingir a maioridade.

Confira a nota na íntegra:

“A história de Gerson também foi comentada por uma conselheira tutelar que o acompanhou por oito anos. Segundo ela, o jovem tinha histórico de transtornos mentais e, desde a infância, apresentava comportamentos de risco que exigiram atenção constante da rede de proteção. Gerson foi acolhido aos 10 anos, após ser encontrado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma rodovia, e desde então passou a receber acompanhamento sistemático.

Na nota, a conselheira relata episódios que evidenciavam o comportamento impulsivo do jovem, como uma tentativa anterior de acessar a área restrita de um avião no aeroporto, impedida pela equipe de segurança. Ela também destacou que o adolescente havia sido destituído do convívio familiar por falta de condições da mãe e que não chegou a ser adotado, ao contrário dos irmãos, devido às dificuldades relacionadas ao seu quadro psicológico.

A conselheira afirmou ainda que a trajetória de Gerson era marcada pela ausência de vínculos familiares estáveis e pela necessidade de intervenções frequentes. Para ela, a reação negativa nas redes sociais após a morte do jovem ignora o contexto social e emocional que acompanhou sua vida. A íntegra da nota foi utilizada para reforçar que, apesar dos episódios envolvendo riscos, ele era acompanhado e recebia suporte da rede de proteção até atingir a maioridade”.

Como estava o parque no momento do incidente?

O parque estava aberto ao público desde as 8h, e o ataque ocorreu por volta das 10h. Visitantes presenciaram toda a cena — alguns chegaram a registrar vídeos.

Após o ataque, a Bica foi evacuada e teve o funcionamento suspenso por tempo indeterminado.

Qual foi a reação da leoa?

A leoa, chamada Leona, entrou em estado de estresse logo após o ataque.

Segundo o veterinário do parque, Thiago Nery:

  • o animal ficou “em choque”;

  • respondeu aos comandos de manejo;

  • e pôde ser contido sem necessidade de armas ou tranquilizantes.

Leona está sendo monitorada por veterinários, biólogos e zootecnistas, que acompanham seu comportamento e saúde.

A leoa será sacrificada?

O Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, confirmou que não há qualquer possibilidade de eutanásia da leoa Leona e que o local seguirá fechado até a conclusão das investigações, após a morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, atacado ao invadir o recinto do animal nesse domingo, 30 de novembro. O caso, registrado por visitantes, levantou questionamentos sobre segurança, protocolos e a dinâmica da invasão.

A direção reforçou que a leoa, chamada de Leona:

  • está saudável;

  • não apresenta comportamento agressivo fora do episódio;

  • agiu por instinto, diante da invasão de seu espaço.

O protocolo do zoológico para situações dessa natureza prevê justamente monitoramento e acompanhamento técnico, que seguem sendo realizados.

Quais medidas foram tomadas após o caso?

  • A Bica teve a visitação suspensa até a conclusão das investigações.

  • A Polícia Militar e o IPC foram acionados imediatamente.

  • A Prefeitura de João Pessoa abriu investigação interna para apurar como ocorreu a invasão.

  • Todos os procedimentos de segurança do parque serão revisados.

Leoa volta ao recinto

O Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), comunicou, nessa quinta-feira, 4 de dezembro, que a leoa, conhecida como Leona, está, aos poucos, voltando ao seu recinto.  Através das redes sociais, a Bica, divulgou um vídeo onde mostra o animal retornando ao seu habitat, assista:

O Zoológico afirma que ela segue sendo acompanhada pela equipe com cuidado e tranquilidade.

“Leona está, aos poucos, voltando ao seu recinto. Chegou devagar, observou cada detalhe e foi acolhida no espaço que é dela. Todo o processo segue acompanhado pela equipe com cuidado e tranquilidade”, divulgou a Bica em suas redes sociais.

O que dizem as autoridades?

Prefeitura de João Pessoa

  • Lamentou o ocorrido e prestou solidariedade à família.

  • Reforçou que o parque segue normas técnicas e de segurança.

  • Afirmou que o invasor superou barreiras estruturais que não eram destinadas ao público.

Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-PB)

  • Lamentou a morte.

  • Anunciou a criação de uma comissão técnica para avaliar protocolos de segurança, estrutura e manejo do parque.

  • Pretende dialogar com a Prefeitura para reforçar medidas preventivas.

Nota da Bica

“LEONA

A Leona, a leoa do Parque Arruda Câmara, está bem e continuará recebendo todos os cuidados necessários.

Após o incidente, ela foi imediatamente avaliada pela equipe técnica e segue em observação e acompanhamento contínuo, já que passou por um nível elevado de estresse.

É importante reforçar que em nenhum momento foi considerada a possibilidade de eutanásia.

A Leona está saudável, não apresenta comportamento agressivo fora do contexto do ocorrido e não será sacrificada. O protocolo em situações como essa prevê exatamente o que está sendo feito: monitoramento, avaliação comportamental e cuidados especializados.

A equipe da Bica, médicos veterinários, tratadores e técnicos está dedicada integralmente ao bem-estar da Leona, garantindo que ela fique bem, se estabilize emocionalmente e retome sua rotina com segurança.”

Veterinário da mais detalhes sobre o caso

O veterinário Thiago Nery, chefe da Divisão de Zoológico da Bica, afirmou nesta terça-feira, 2 de dezembro, em entrevista à BandNews FM João Pessoa, que a leoa Leona está sob acompanhamento contínuo após o ataque que resultou na morte de um jovem de 19 anos no domingo (30). Segundo ele, o animal permanece em área restrita e está sendo observado hora a hora pela equipe técnica.

De acordo com Thiago, a leoa nunca havia passado por um esforço físico tão intenso. “A Leona nunca passou por um esforço como esse. Temos enriquecimento no recinto, mas não esse tipo de explosão muscular”, explicou.

Ele informou que Leona segue em ambiente fechado e será reinserida gradualmente no recinto. “Existe a possibilidade de ela entrar e estar tudo normal. Ou pode entrar com hiperfoco, em estado de alerta. Ainda não sabemos”, disse.

Ataque ocorreu em área sem visibilidade para visitantes

Thiago destacou que o ataque aconteceu em um ponto não visível ao público, apesar das filamagens compartilhadas nas redes socais. “Respiramos mais aliviados porque as imagens poderiam ser mais chocantes”, afirmou.

O veterinário ressaltou que o caso evidencia também o comportamento instintivo do animal. “É uma oportunidade de mostrar como o animal age. O acidente ocorre quando o ser humano ultrapassa a barreira comportamental de um predador. Tornamo-nos presa”, completou.

Veterinário critica politização da tragédia

Thiago repudiou o uso do episódio para ataques ao parque. “Não pode usar uma tragédia desse tamanho para fazer campanha dizendo que a culpa é do zoológico”, declarou.

Ele reforçou que discussões sobre zoológicos são bem-vindas, mas não em meio a uma situação dessa natureza. “Vamos debater o zoológico, ótimo. Mas não pode usar uma situação assim para culpar o parque”, disse.

Reabertura da Bica depende de medidas urgentes

Segundo o veterinário, o parque está adotando ações emergenciais para reabrir com segurança.
Entre as medidas estão:

  • prestação de contas à população;

  • exposição dos cuidados com Leona;

  • apresentação das melhorias estruturais.

Thiago pede calma ao público e alerta para o impacto das especulações: “Quem tiver dúvida, procure a equipe. A especulação estressa a equipe. Responder fake news é desgastante. Está com dúvida? Vá à Bica e pergunte”.

A juíza Conceição Marsicano, da 2ª Vara de Garantias, afirmou nesta sexta-feira, 5 de dezembro, em entrevista à BandNews FM João Pessoa, que o jovem Gerson de Melo, de 19 anos, morto após entrar no recinto de uma leoa na Bica,  tinha um grau de vulnerabilidade que deveria ter sido identificado pela Justiça quando percebeu-se ele era uma pessoa portadora de transtornos psiclogicos.

Segundo a magistrada, houve um possível erro no processo ao não ter sido solicitado, no início, um laudo psicológico atualizado que comprovasse a condição do jovem. Visto que, Gerson teve 16 passagens pela polícia, sendo 10 de menos e seis maior de idade. “O estado dele de vulnerabilidade já devia ter sido constatado desde a primeira determinação”, declarou.

A juíza destacou que o comportamento e o perfil de Gerson evidenciavam limitações claras. “Gerson era uma criança no corpo de adulto”, afirmou.

“Ele era completamente inocente, não tinha sabedoria para entender o caráter daquilo, não tinha discernimento”, disse.

Ela também rejeitou a hipótese de que o jovem tivesse intenção de se ferir: “Vaqueirinho não tinha perfil suicida. Ele foi ali para brincar.”

Conceição confirmou que, caso um laudo tivesse sido apresentado anteriormente, Gerson não teria sido levado para o Presídio do Róger nem submetido à audiência de custódia, em suas últimas prisões. Segundo ela, apenas após a atualização do documento foi possível aplicar as diretrizes da política antimanicomial, que determina encaminhamento para serviços de atendimento como CAPS. “Quando eu recebi o laudo atualizado, eu não podia deixá-lo no presídio do Róger”, explicou.

Na imagem, juíza Conceição Marsicano, da 2ª Vara de Garantias. Imagem: Victor Emannuel / Mídias do Sistema Arapuan de Comunicação

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